"The theme you play at the start of a number is the territory, and what comes after, which may have very little to do with it, is the adventure."
Ornette Coleman






Os poemas reunidos em COMUNS são frutos de uma prospecção dos planos sonoros envolvidos no instante de sua feitura. A primeira série pertence a uma etapa inicial de esclarecimento de propósitos na qual eu começava a prever o que me propunha: o uso de todo e qualquer recurso que transgredisse os limites puristas do ato de inscrição. Assim, o problema da transposição de repertórios, que neste caso indica o trânsito do espaço da lírica ocidental para o da instabilidade total do precário, que se caracteriza pela reinvenção contínua de objetos e de usos, quase se mostra como impossibilidade. Com o intuito de percorrer as sendas abertas por Getrude Stein e Ornette Coleman, a série se pretende como uma pesquisa sobre ritmos e pulsações que privilegiam a impermanência do plano sonoro, de sua sintaxe, em detrimento do plano verbal, sem no entanto recusá-lo. A manipulação desses planos, somados aos ambientais (ruídos, vozes paralelas, etc.), que estabelecem fluxos transversais, intercessões e descontinuidades, projetando-os numa textualidade comum, mediada pela sensibilidade imediata do ouvinte-inscritor, é o polo agenciador da série - seu território.

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